segunda-feira, 14 de outubro de 2024

O dia do casamento de Francielly

 

Após três anos se encontrando às escondidas, o caso entre Francielly, herdeira de uma família importante de Vila Dourada, a família Villegagnon, e o motorista Leandro, acabou sendo descoberto. O pai de Francielly, o francês Jorge, expulsou a filha de casa, e a conservadora cidade de Vila Dourada linchou moralmente a moça, sendo ainda incentivado por Dalva, a irmã invejosa dela. 

Leandro foi despedido, bem como Edvânia, que trabalhava com a família. Jorge proibiu que sua esposa Joana e os demais filhos - Arnaldo, Beatriz, Carlos, Dalva, Estêvão, Gustavo e a adotada Helena - mantivessem qualquer contato com ela. Jorge dizia que "não tinha mais essa filha", e "ela havia morrido". 

Era o começo do ano de 1932, e Leandro conseguiu alugar uma casa para morar com Francielly. Leandor, entretanto, era um homem correto, e procurou logo o padre Francisco, que estava no sítio Maniçoba - atual Lagoa da Italianinha, que ainda pertencia a Vila Dourada - para marcar a data do casamento. 

O casamento ocorreu de forma simples na pequena igreja no sítio. Mas não sem tumultos. As beatas Mônica e Lady Andréia faziam protesto contra o casamento da "filha rebelde", e alguns até a chamavam de "prostituta". 

Francielly usava um vestido verde, e Leandro a acariciava, dizendo:

- Não se preocupe com eles. 

Ed havia levado Francielly ao altar, e estava ali apoiando o casamento. Ele dizia:

- Só porque ela é rica e ele é pobre? Que besteira. O que vale é que se amam! 

Mesmo proibidos pelo pai, dois irmãos de Francielly apareceram no casamento: Estêvão e a adotada Helena. Eles haviam ido a pedido da mãe, Joana, sem Jorge saber. Estêvão disse:

- Seja muito feliz, irmãzinha. Desculpa não demorar, é que nosso pai não sabe. 

- Não tem problema. Eu amo vocês! - disse Francielly. 

- A gente também te ama! - disse Helena. 

Francielly, Estêvão e Helena se abraçaram, e depois, Estêvão e Helena foram embora. 

Mesmo com os protestos, o casamento foi realizado, e enfim, Leandro e Francielly puderam ir morar na casa que haviam conseguido. Ainda no mesmo ano, dez meses depois, nasceu o pequeno Augusto, filho do casal. Francielly permaneceu renegada pela família até morrer, em 1935. 

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