O ano era 1940. Sem comer há alguns dias, Alessandra já estava magra e pálida. Nessa ocasião, Klaus ainda não havia chegado e ela enfrentava todos os oficiais do governo. Numa certa tarde, um oficial lhe disse:
- Levanta-se.
- Pra que? O que vão fazer?
- Não faça perguntas, venha logo.
Alessandra disse:
- Vão me matar, é isso? Agora, me diga, o que fiz pra merecer morrer? Por ser de pele mais escura que a tua ou por eu ser comunista?
- Já disse pra não fazer perguntas, venha logo ou vamos metralhar a senhora aqui mesmo.
- Ahhh, só poderia ser.
O oficial puxou Alessandra pelos braços, e ela ia cambaleando. Estava suja, descalça e seus cabelos, que haviam sido raspados, estavam começando a crescer.
De repente, na hora que Alessandra ia ser vendada para receber os tiros, um dos oficiais passou mal. Alessandra correu até ele, e o animou. Ela disse:
- O senhor está bem?
- Estou, sim. Foi um mal-estar.
- Também, num lugar desses quem fica bem? Creio que nem vocês.
Outro oficial disse:
- Já chega. Vai pro paredão agora, senhora.
O oficial que se recuperara do mal-estar disse:
- Esperem. Não matem ela. Deixem-na voltar pro quarto.
- Mas...
- Façam o que estou mandando. Ela não morrerá. Por enquanto.
Alessandra foi levada de volta para o seu quarto. O detalhe é que o oficial que passou mal e que ela foi socorrê-lo é quem havia escolhido-a para ser fuzilada naquela tarde.
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