quinta-feira, 17 de outubro de 2024

Alessandra escapa de ser fuzilada

 

O ano era 1940. Sem comer há alguns dias, Alessandra já estava magra e pálida. Nessa ocasião, Klaus ainda não havia chegado e ela enfrentava todos os oficiais do governo. Numa certa tarde, um oficial lhe disse:

- Levanta-se. 

- Pra que? O que vão fazer?

- Não faça perguntas, venha logo. 

Alessandra disse:

- Vão me matar, é isso? Agora, me diga, o que fiz pra merecer morrer? Por ser de pele mais escura que a tua ou por eu ser comunista?

- Já disse pra não fazer perguntas, venha logo ou vamos metralhar a senhora aqui mesmo. 

- Ahhh, só poderia ser. 

O oficial puxou Alessandra pelos braços, e ela ia cambaleando. Estava suja, descalça e seus cabelos, que haviam sido raspados, estavam começando a crescer. 

De repente, na hora que Alessandra ia ser vendada para receber os tiros, um dos oficiais passou mal. Alessandra correu até ele, e o animou. Ela disse:

- O senhor está bem?

- Estou, sim. Foi um mal-estar. 

- Também, num lugar desses quem fica bem? Creio que nem vocês. 

Outro oficial disse:

- Já chega. Vai pro paredão agora, senhora. 

O oficial que se recuperara do mal-estar disse:

- Esperem. Não matem ela. Deixem-na voltar pro quarto. 

- Mas...

- Façam o que estou mandando. Ela não morrerá. Por enquanto. 

Alessandra foi levada de volta para o seu quarto. O detalhe é que o oficial que passou mal e que ela foi socorrê-lo é quem havia escolhido-a para ser fuzilada naquela tarde. 

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