segunda-feira, 30 de setembro de 2024

Marlene recebe visita de Quitéria

 

A paciência de Marlene, que continua presa, já anda se esgotando com Danúzia, e Marlene ameaça falar tudo que sabe. 

Um novo habeas corpus foi negado pela juíza Suely, e Marlene continua presa. Mas ela, numa certa manhã, recebeu uma visita surpresa: a Quitéria, que foi sua patroa. Marlene disse:

- O que a senhora quer aqui?

Quitéria disse:

- Vim olhar sua decadência, Marlene. Olha aí o resultado de pessoas que esfaqueiam nas costas quem lhe deu a mão. 

- Já pode acabar o sermão, tá?

Quitéria disse:

- Eu te dei emprego, quando tu saiu das ruas, e o que tu fez? Virar minha inimiga, se virar contra mim. Tu teria todo direito de abrir uma lanchonete aonde tu quisesse. Mas não me afrontar feito tu vinha fazendo. 

- Veio aqui pra me dar sermão, foi?

- Não só isso, vim te dar uma noticia. O dono do galpão do Pátio Verona em frente à minha lanchonete que você tinha alugado pra fazer sua lanchonete desistiu do negócio. Ele não quer mais negócio com você. 

- Você está brincando?

- Não, estou falando muito sério. Ele falou pra mim e me pediu desculpas por ter alugado aquele ponto pra você. Agora, sim, vou embora. Tomara que tu nunca saia da cadeia, que é o lugar que pessoas como você merecem. 

- Vá embora! 

Quitéria se retirou, e Marlene ficou aborrecida. 

Dani Cruel acorda do coma


 Internada em estado grave depois de sofrer um atentado, Dani Cruel recuperou sua consciência, abrindo os olhos. Ela estava em coma. Dani Cruel disse para a enfermeira:

- Tentaram me matar. Mas estou viva.

- Quem fez isso?

- Eu não sei. Mas a pessoa vai ficar muito triste em saber que não foi dessa vez...

A notícia chegou no Alto do Cruzeiro. A malvada Yellow disse:

- Dani Cruel é tão ruim que nem o capeta quer ela no inferno! 

As investigações da polícia sobre o atentado contra Dani Cruel estavam avançando e já começavam a suspeitar de Yellow - ela tem esse apelido porque só se veste com camisa amarela (yellow é amarelo em inglês). 

Yellow estava, nessa ocasião, tentando montar um novo bando, para enfrentar Dani Cruel, pois já sabia que quando ela saísse do hospital, a guerra estaria declarada. 

Rita de Cássia continua nas ruas

 

Há alguns dias dormindo nas ruas, Rita de Cássia, a quarentona que tem mente de uma criança de 5 anos, resiste à ideia de voltar pra casa, depois de ter sido maltratada por sua prima Wéllia. 

Na rodoviária, Rita de Cássia apareceu, e pediu um café, dando um trocado na lanchonete. Deinha lhe disse:

- Rita, tu tá meio suja... não tá tomando banho?

- Tomo, sim, no chafariz...

Deinha disse:

- E tu tá com cheiro esquisito, cheiro de... acho que nem preciso falar. 

- Claro, eu fiz cocô nas calças várias vezes, fiz xixi nas calças, também...

- Rita, tu precisa voltar pra casa. 

- Não quero! Eu e Dalila vamos ficar nas ruas. 

- Dalila é essa sua boneca?

- Minha filha! Certo? 

Rita de Cássia pegou o café e foi se sentar longe da lanchonete. 

Kelly envergonha a filha


Enquanto sua filha Clara trilhou o caminho da honestidade e atualmente vende jogos para sobreviver, Kelly não faz dessa forma. Mesmo tendo saído das ruas e morando em um simples apartamento no conjunto Bella Ciao, onde moram ex-mendigos, Kelly permanece na vida errada. 

Kelly sai de casa cedo, sem tomar banho, bastante suja e descalça, para ir pedir esmolas em algumas ruas centrais de Lagoa da Italianinha, seja na rodoviária, na praça ou no Pátio Verona. 

Numa certa manhã, na rodoviária, Clara vendia jogos e viu sua mãe pedindo esmolas, e ficou envergonhada. Clara disse:

- Mãe, a senhora não precisava disso, eu tô trabalhando, a senhora também podia trabalhar. 

- Jamais, eu não preciso trabalhar. Eu peço esmolas e os otários dão. E tu devia continuar fazendo o mesmo. 

- Nada disso, eu prefiro trabalhar. 

- Pra que???? Sábado mesmo, eu peguei mais grana que tu! 

- Aff, mãe, isso me envergonha. 

- Não me chame de mãe, que os otários aqui vão ver. Vá embora! 

Clara, aborrecida, foi vender seus bilhetes de jogos, enquanto Kelly seguia pedindo esmolas na rodoviária. 

Alaíde se envolve com Ademar

 

Uma novidade que surpreendeu Vila Dourada foi o envolvimento de Alaíde com Ademar, o empresário na cidade. Já divorciado, Ademar encontrou em Alaíde uma parceira perfeita. Mas muitos na cidade questionaram, pois pesa contra Ademar uma acusação de ter mandado matar a própria filha, Emma, e também, de agressões contra Amália, sua primeira esposa. 

Ao saber disso, Amália, que tinha o contato de Alaíde, lhe mandou uma mensagem de zap, dizendo:

- Você sabe o que faz de sua vida. Mas espero que ele não faça com você o que fez comigo. Me maltratou até acabar comigo, ainda foi responsável pela morte de nossa filha. Não tenho provas disso ainda, mas eu tenho indícios e ainda vou conseguir provar na Justiça! Cuidado com o que te espera. 

Alaíde apagou a mensagem e bloqueou o contato de Amália. 

Mas Alaíde também é de caráter fraco; ela não é querida na cidade e costuma esnobar as pessoas pobres. Também já divorciada, ela teria sido abandonada pelo primeiro marido que não aguentou mais ser humilhado por ela. Sua filha, Hortênsia, virou hippie e mora em Lagoa da Italianinha. 

Warlla é provocada pelos mendigos

Durante uma madrugada, nas proximidades da barraca de Josinete, estavam alguns moradores de rua que ainda não haviam dormido: Patrícia, Letícia, Guilherme, Andreza, Gilson, Renata, Solange e Juliana estavam conversando, quando de repente, apareceram as mendigas Warlla e Dardina. 

Gílson disse, em tom de provocação contra Warlla:

- Pronto, apareceu a mendiga que pensa que é rica e se veste como madame. 

Warlla disse:

- Oxe, tão com inveja de mim porque sou chique é? 

Patrícia disse:

- Chique por fora, mas suja por dentro. 

Warlla disse:

- Velha corcunda esclerosada, não lhe respondo o que devia porque respeito as anciãs. 

Renata disse:

- E tu se liga andar com essa Dardina, ela não vale o peido de um gato! 

- Oxe, fica na tua, galega suja! - disse Dardina. 

Andreza retrucou:

- Na boa, essa Warlla é ridícula, ela nem se enxerga, mora nas ruas, dorme nas calçadas feito nós e se veste como madame. 

- Morram de inveja! 

- Quem é que tem inveja de tu, cobra descabelada? - disse Solange. 

- Na boa, Warlla, volte pra realidade - disse Juliana. 

Guilherme disse:

- Mesmo essa sua roupa de madame, tá suja, viu, Warlla? 

- É, tá virando uma mendiga de verdade. - disse Letícia. 

Warlla disse:

- Chega, não vou perder meu precioso tempo com você, cambada de pobretões! 

Patrícia disse:

- Já sei, pra não discutir com mendigos feito nós, você se afasta e vai dormir numa outra calçada da esquina. 

Warlla e Dardina foram embora, com raiva, enquanto os outros mendigos riam dela. 

domingo, 29 de setembro de 2024

Cássia na visão de Zacarias

 

Em Lagoa da Italianinha, a jovem Cássia, que tinha esquizofrenia, depois de um tempo se recuperando, voltara a sair pelas ruas da cidade. Alguns, que amavam a jovem, ficaram felizes ao vê-la bem, já que ela havia passado maus bocados no fim de agosto. 

Nas ruas, Cássia era vista brincando com animais abandonados; Parecia uma verdadeira criança quando via um gato ou cachorro de rua.

Via-a ao longe o popular Zacarias, homem do povo, que era casado com a Pilar - muitos anos mais nova -, e tinha um filho, Murilo. Em dado momento, Murilo perguntou, quando viu Cássia tomando banho no chafariz:

- Pai, quem é aquela moça que tá no chafariz?

Zacarias disse:

- Meu filho, ela é uma neta de italianos, se chama Cássia Cibele, tem 42 anos, mas rosto de menina de 16. Até 2002, era uma moça normal, sonhava ser médica e era estudiosa, já fazia faculdade apesar da pouca idade. Mas ao ser vítima de traição de uma que se dizia amiga, Cássia não conseguiu mais ter juízo, e acabou ficando nessa situação. 

- Puxa, pai, que triste. 

- Mas é, filho. Mas se antes, ela queria muito dinheiro e fama, hoje o que a faz feliz é brincar na chuva, na água ou na lama. Cássia anda sempre vestida dessa forma, com uma blusa cinza descendo do ombro, uma calça jeans e tênis brancos. Cássia ama tomar banho de roupa e tudo, mas não é só isso: ela gosta de ficar com a roupa molhada, os sapatos molhados, mesmo. E adora brincar na lama. E sua diversão preferida é levar chuva. 

- Maluquinha, hein????

- Sim, filho. Acredite se quiser, até um tempo atrás, ela ainda fazia xixi e cocô nas calças, mas ela parou com isso, depois de levar muita bronca da irmã dela, Lúcia. Agora, dizem que ela tá mais educada sobre isso. 

- Pai, ela é casada?

- Não, até hoje ela tá assim. Mas parece que ela só quer viver assim, ela se diz muito feliz. 

Cássia saiu do chafariz, e passou por eles, dizendo:

- Bom dia!!!!! 

Zacarias e Murilo lhe responderam, e ela foi embora se jogar no rio para se divertir mais. Zacarias disse ao Murilo:

- Mas, filho, ela ficou assim por conta de uma falsa amizade. Pra você aprender, como uma falsa amizade pode destruir uma pessoa. Eu era zelador na faculdade onde ela estudava e me lembro muito bem dela. 

- Quem foi essa falsa amiga?

- Eu não gostaria muito de falar dela, porque eu também já sofri nas mãos dessa pessoa. Mas aprenda, filho. Nem todo mundo que se diz seu amigo é seu amigo. 

Suely tenta articular uma aliança de dois candidatos

 

A juíza Suely, ativa na política de Lagoa da Italianinha, está pensando em uma aliança entre dois candidatos. Apesar de ser irmã da prefeita Myllena, a juíza careca não apoia a prefeita, por várias razões, e preferiu avalizar a candidatura de Ana Karina. 

Mas Suely decidiu abrir sua casa para que Ana Karina, sua candidata a vice Jessy e outro candidato, Eraldo, e seu vice Valdenes, tentassem chegar em um acordo para uma candidatura única. Suely recebeu os quatro em sua casa e disse:

- Eu acho que se juntarmos forças, ficamos com mais chance de embolar essa disputa. Sei que o amigo Eraldo e a Ana Karina não teriam dificuldades em fazer uma aliança, pois os dois continuam sendo muito amigos mesmo estando disputando o mesmo cargo. 

- E como a senhora pretende fazer, senhora juíza? - disse Eraldo. 

- Não estou impondo seu apoio a minha candidata, mas que se possa esperar a pesquisa que sai amanhã e o que sair na frente possa se manter com apoio da outra pessoa. Ainda acho Ana Karina a melhor opção, mas eu não tenho dificuldades em lhe apoiar Eraldo. 

Ana Karina disse:

- Eu não estou nessa disputa por questões pessoais, mas para o bem da cidade. 

Valdenes e Jessy chegaram logo em seguida. Valdenes disse:

- Senhora juíza, não se importa se eu vim descalço?

- Claro que não, pode entrar. Eu também ando descalça nas horas livres. 

Jessy disse:

- Eu vejo com muita alegria essa ideia de unirmos forças. Os verdes e os azuis podem sim, andar juntos. 

Suely disse:

- Sim, os verdes do Eraldo e os azuis de Ana Karina podem sim, andar unidos. Precisamos embolar essa eleição que virou um festival de baixarias entre minha irmã Myllena e a outra, a Mimi. 

Na ocasião, foi servido um café e os cinco conversaram bastante. 

Josiane recebe informações sobre Aline Débora

 

Decidida a tirar Aline Débora do seu caminho e lutar por Valdenes, a Josiane pensava em uma forma de fazê-lo esquecer da florista. Num certo domingo, Josiane estava em sua banheira, quando Natália, sua irmã, chegou ali e disse:

- Tem uma pessoa querendo falar com você. 

- Quem? 

- Não disse o nome. Mas disse que é sobre a Aline Débora. 

Josiane saiu da banheira, e mesmo com o vestido e os sapatos molhados, foi pra sala. Quem estava ali era Tonico, que vivia no sítio Mandacaru. Ele disse:

- Parece que a senhora se interessa mesmo por informações sobre ela, pois vieste do banho com o vestido e os sapatos molhados. 

- Pois é. 

- Que mal lhe pergunte, a senhora toma banho vestida, por que?

- Desculpe, mas acho que o senhor não veio falar do meu banho, né?

Tonico disse:

- Não. Vim falar da Aline Débora. Me contaram que a senhora deseja o tal de Valdenes, com quem ela namora. 

- Sim, na verdade, eu e Valdenes temos uma história antiga. 

- Pois é... mas essa tal de Aline Débora não é nenhuma santa. 

- Não me diga. Me conte. 

- Alerte o Valdenes pra ele não ficar com ela. Ela é perigosa, e vive dando dor de cabeça pra família. Lá no sítio, ninguém gosta dela. Ela é rebelde e respondona. 

- Ora, isso muito me interessa. 

Depois de uma longa conversa, Tonico foi embora e Josiane estava muito feliz. Tinha algo contra sua adversária que usaria contra ela. 

Lua rompe amizade com Warlla

 

Lua, a mendiga gótica, apenas poucos dias depois de fazer amizade com Warlla, decidiu desfazer a amizade. Agora, Lua se volta claramente contra Warlla, de modo que ela passa a ser mais uma inimiga mortal. 

Madame Anne, que também havia se aproximado de Warlla, decidiu permanecer amiga dela. Com isso, Lua ficou sozinha contra as duas. 

Lua estava na rodoviária, e Deinha lhe serviu um café. Deinha disse:

- Warlla tava aqui agora há pouco. 

- Eu não quero conversa com ela. 

Deinha disse:

- Oxe, por que? Vocês eram tão amigas. 

- Eu não sou amiga de ninguém. Nem sua.

- Tá, mas explica o que aconteceu. 

Lua disse:

- Warlla é uma interesseira, não gosta de ninguém, ela só anda com mendigos por que ela é uma mendiga, mas ela não vale o peido de um gato. Aquele jeito de madame com que ela se veste é apenas um reflexo do que ela é por dentro. Uma falsa, uma nariz empinado, mais falsa que uma nota de 3 reais!

- Mas ela deve ter feito algo com você, pra tu agir assim. 

- Ela simplesmente falou mal de mim pra Madame Anne, que não quer mais ser minha amiga. Ela falou de mim para os outros mendigos, estou isolada por completo. 

- Bom, converse com ela, quem sabe, vocês se entendam e voltem a ser amigas...

Lua disse, com olhar de ódio:

- Jamais. Uma vez que acaba uma amizade minha é pra sempre. Nunca mais eu perdoo. Agora ela será minha inimiga para sempre. E está na lista das pessoas de quem vou me vingar. 

Lua se retirou, e Deinha disse:

- Mulher amargurada essa, misericórdia! 

Candidata promete retirar o nome de Dalva de uma das ruas de Vila Dourada

 

Em Vila Dourada, a candidata de oposição Maria da Glória causou polêmica ao prometer, caso eleita, mudar o nome de uma das ruas da cidade, retirando o nome de Dalva Villegagnon. Acontece que Dalva, que viveu no século XX, era tida como malvada e cruel, sendo atribuída à ela inclusive a morte de sua irmã Francielly Villegagnon em 1935. Quando já estava perto de morrer, em 1996, o padre Gustavo Villegagnon disse que "sua irmã Dalva tinha inveja de Francielly". 

A proposta de Maria da Glória causou diferentes reações. Nas ruas da cidade, todos os membros da família - menos Francielly - são homenageados em nomes de ruas. Francielly, para compensar, é homenageada numa das ruas de Lagoa da Italianinha. 

Os que defendem a proposta da candidata dizem que Dalva foi um exemplo de maldade, e por isso, não se deve render nenhuma homenagem a ela. Já os que são contra a proposta alegam que apagar o nome de Dalva da rua não resolve nada e só faz apagar a história da cidade, sendo ela de uma família tradicional. 

Dalva era a quarta filha - sendo mais nova que Arnaldo, Beatriz e Carlos - do casal Jorge (um francês, descendente de Jacilene) e Joana, que era pernambucana. Dalva nasceu em 1896, e sempre foi celebrada por sua beleza. Mesmo assim, seu pai manifestava preferência por Francielly, que nasceu em 1900. Dalva sentia inveja, e quando foi descoberto o caso de Francielly com Leandro, o motorista da família, Dalva usou tudo isso para excluir Francielly do convívio da família. 

Em 1935, Francielly morreu numa queda de cavalo, que pode ter sido provocada por Dalva. Estêvão, irmão das duas, foi o primeiro a levantar essa hipótese, depois de ter ouvido de Dalva que "ela se livrara da irmã". 

Dalva, porém, mesmo sem Francielly, não conseguiu o amor de seu pai, e ainda causou muitos desgostos à família, vivendo em boates, fumando e bebendo excessivamente e se relacionando com muitos homens. Quando já estava idosa, Dalva tinha pesadelos e vivia angustiada, com medo do julgamento que viria. Dalva morreu em 1976, aos 80 anos, na miséria, e rejeitada pelos irmãos que ainda eram vivos (Estêvão, Gustavo e a adotada Helena). 

No dia do enterro de Dalva, um homem teria gritado:

- Dalva agora tá no inferno abraçada com o capeta! 

Ele foi afastado do cemitério pelos seguranças. Mesmo com tantas maldades atribuídas à ela, Dalva batizou uma rua em 1977. É essa rua que Maria da Glória deseja mudar o nome. 

Warlla reencontra ex-mendiga

 

Numa certa tarde, Warlla estava no Terminal Rodoviário de Lagoa da Italianinha. Ela estava de óculos escuros e com sua inseparável bolsa vermelha, e era observada de longe pelo casal Valdenes e Aline Débora, que dava risadas. Valdenes disse:

- Por que tu tá rindo? 

- Essa doida aí, mora nas ruas, mas se veste feito madame, quem vê de longe pensa que é madame da alta sociedade. 

- Ela tem distúrbios mentais, já morei nas ruas e sei como ela é. 

De repente, pouco depois, apareceu uma jovem cantora, a Raquel, que passou ali e cumprimentou Valdenes. Aline Débora disse:

- Quem é ela?

Valdenes disse:

- É minha vizinha lá do Bella Ciao, a Raquel. Ela também morou nas ruas, e hoje ela é cantora de sucesso aqui na cidade. 

- Puxa, muito prazer. 

- Obrigada! - disse Raquel, que logo viu Warlla, e se aproximou dela. Warlla disse:

- O que tu quer? Por que tá me olhando?

- Quem te viu, quem te vê... tu se lembra de mim, não? 

- Francamente, não me lembro de sua cara. 

- Claro, quem bate, esquece, mas quem apanha, lembra. Tu tais lembrada de quantas vezes a senhora, quando era rica, me humilhou, quando eu morava nas ruas. Até chute a senhora me deu!

- Ahh, tu é dessas mendigas que tá se achando porque saiu das ruas e foi morar naquele bloco de pobres, é? 

- É, mas não tô feito você morando na rua e ainda se enganando pensando que é madame com esse jeito de se vestir. - retrucou Raquel.

Aline Débora disse ao Valdenes:

- Parece que tua amiga tá brigando com aquela doida. 

- Deixe eu ir ver. 

Valdenes se aproximou, dizendo:

- O que há?

Warlla, rindo, disse:

- Olha aí, Raquel, teu amigo descalço que também já morou na rua e tá se achando. 

- Warlla, você tá na rua porque quer, foi oferecida a você...

- Eu não vou morar num condomínio de pobres e nem de favor, e nem de aluguel. Prefiro morar nas ruas a isso! Agora, com licença!

Warlla se retirou, e Raquel disse:

- Tá na rua da amargura, mas não perde a pose... tanto que ela me humilhou quando era rica... o mundo dá voltas. 

- Pois é... - disse Valdenes. 

Myllena indignada com depoimento de ex-funcionário da Prefeitura


Para esquentar ainda mais a campanha eleitoral em Lagoa da Italianinha, a coordenação da campanha de Mimi, principal adversária da prefeita Myllena, foi procurada por uma pessoa, que alegava que queria dar um "depoimento" contra a prefeita descalça. A tal pessoa alegava ser ex-funcionário da prefeitura que foi demitido antes da campanha. Ele disse no vídeo:

- Eu sou conhecido como Bacurau, e sou do Alto do Cruzeiro. Vocês têm certeza mesmo que querem votar na atual prefeita? Pois muito bem, eu conheço ela muito bem. E garanto a vocês que o lugar dela não é na Prefeitura, e sim, num manicômio com camisa-de-força. Vocês vêem que ela só anda descalça pra todo lugar, não usa nem chinelos, não tem postura nem jeito de madame, mas não é só por isso que ela tem que estar fora da Prefeitura, mas por ser arrogante e prepotente, não respeitar as pessoas. Espero que pensem direitinho, falta uma semana pra eleição, e não podemos continuar com uma lunática doente mental tomando conta do município. Garanto a vocês, que não só os pés dela que são sujos, mas ela inteira é suja por dentro. Pensem direitinho, nós temos uma mulher simples do povo, a Mimi, que merece seu voto. 

O vídeo foi compartilhado, e Myllena ficou aborrecida com o depoimento. Ela disse em seu comitê:

- Tanto que eu ajudei esse cara, ele doente e eu mandei médico pra cuidar dele, ele ficou sem trabalhar, mas recebendo, e agora, é assim que ele me agradece, me acusando de débil mental. 

- Mãe, por que ele te odeia tanto assim? - disse Giovanna, filha e candidata a vice. 

- Ele foi demitido da Prefeitura por ser irresponsável, faltava direto e descobrimos que ele andava roubando, isso nós vamos falar. 

Myllena entrou em contato com a campanha de Mimi para que o vídeo fosse retirado. Mas eles se recusaram, por que alegaram estar "ferindo a liberdade de expressão". Myllena, alegando que se sentiu ofendida de forma pessoal, resolveu entrar na Justiça contra a coligação de Mimi. 


sábado, 28 de setembro de 2024

Ellen é alvo de queixas

 

Numa certa tarde, os moradores do condomínio Luar do Sertão foram ao vizinho condomínio Bella Ciao, para falar com Valdenes, que mora ali. Foram para lá Andréa Descalça, Janielle, Jessy, Josinete, e Jad, com sua filha Maria Rita. 

Jad, que é irmã de Valdenes, chegou lá batendo na porta do apartamento onde ele mora. As batidas foram fortes, e Valdenes estava tomando banho, e abriu a porta. Ele disse:

- Pois não? 

- Viemos falar com você. 

Eles entraram, e Josinete disse ao Valdenes:

- Oxe, tu tava tomando banho?

- Sim. 

- E tu toma banho com roupa e tudo? - disse Josinete. 

- Claro. 

Jad disse:

- Eu e minha filha também, mas não viemos falar disso, dona Josinete. 

Valdenes disse:

- Bem, vou me trocar, já volto. É que Vitória e Juju Doida saíram, estou sozinho. 

Valdenes trocou de roupa e depois foi receber os vizinhos. Andréa Descalça disse:

- É sobre nossa vizinha Ellen, tem que ser tomada uma providência contra ela. 

- Por que?

Janielle, que é muda e surda, fazia sinais de mau cheiro. Jessy disse:

- É que o apartamento onde ela mora tá fedendo demais, e já entrou até rato nos nossos apartamentos, tudo vindo dela, a gente descobriu isso. 

- Aqui a gente tem quase o mesmo problema com Rúbia - disse Valdenes. 

Josinete disse:

- Mas lá tá insuportável. Se Ellen não quer tomar banho, é problema dela, mas que ao menos ela deixe o apartamento dela limpo. 

- Vou conversar com ela. 

Maria Rita disse:

- Tio, tu nem imagina como a gente sofre, apareceu uma ratazana lá que eu fiquei assustada. 

- Mas não se preocupem, vou tomar as providências, e além do mais, Ellen parece que tá devendo dinheiro do condomínio aqui. - disse Valdenes. 

- Faz isso, a gente te agradece - disse Jessy. 

Milena sofre perseguição da Sinhá Adriana

Corria o ano de 1788, em Vila Rica, e a jovem Milena espalhava ideias iluministas e anti-colonialistas na cidade. A francesa Jacilene tornou-se uma amiga da mineira que havia passado um tempo em Viena, na Áustria, e chegara no ano anterior. Não era muito difícil encontrar Milena tocando músicas de Mozart em seu piano. 

Mas a Sinhá Adriana disse para Jacilene, que estava hospedada em sua casa:

- Tu anda com essa jovem chamada Milena?

- Sim, ela é minha amiga. 

- Pois tu não devia nem ter amizade com ela, ela tem ideias erradas, ela quer separar o Brasil de Portugal e ainda é contra as monarquias, que ela chama de absolutismo, quando sabemos bem que Deus pode sim designar um homem para tomar conta de seu povo. 

- Desculpe, Sinhá Adriana, mas não vou deixar de ser amiga dela, não. Nunca te escondi minhas ideias. 

- Jacilene, tu come na minha casa! 

- Obrigada. Mas eu não vou deixar de ser amiga de Milena. Ela é uma jovem admirável! 

Jacilene saiu de casa naquele momento e contou para Milena, que disse:

- Eu já esperava isso, surpresa era se ela me aceitasse. Ela vive me perseguindo. 

- Ela é tão má com você? Eu moro com ela, ela me hospedou quando vim da França, mas não concordo com isso não. 

Milena disse:

- Ela odeia minhas ideias, ela fez até inferno para um antigo namoro meu acabar. Ela me persegue, me vê como uma semente do mal. 

- Tenha calma, eu estou do seu lado. 

Apesar de não suportar ver Jacilene defender Milena, Sinhá Adriana a  manteve em sua casa, na esperança de fazer a francesa mudar de ideia. 

Mimi e Kátia estão se estranhando

 

Embora passem a impressão de estarem bastante unidas, Mimi e sua candidata a vice, Kátia, não estão com uma relação muito boa. Na realidade, Mimi não confia em Kátia, que atualmente é vereadora, e nunca engoliu muito ela como sua vice, mas aceitou por conta do apoio da deputada federal Sandra Valéria e do deputado estadual Moab. 

Kátia, por sua vez, vê o fato de ser vice de Mimi como "prêmio de consolação" após ter sido rifada pela prefeita Myllena, que a trocou pela sua filha Giovanna Victórya como sua candidata a vice. Kátia aceitou ser vice de Mimi esperando mais espaço, mas anda muito insatisfeita. 

A deputada estadual Janayna, que apoia Mimi, não tolera Kátia. Janayna não a perdoa por em 2020, quando ela era candidata a prefeita, Kátia, mesmo fazendo parte do seu palanque, ter declarado que preferia Myllena por uma "conversão de valores". 

Preocupado com a possibilidade de uma briga entre as duas que formam a chapa causar uma divisão e ajudar a vitória de Myllena, o deputado estadual Moab decidiu chamar Mimi e Kátia para sua fazenda, e conversou com as duas de portas fechadas. Uma das queixas de Mimi é que Kátia, quando lhe representa em algum evento, pouco fala seu nome e se expõe mais como uma opção para o quadro político da cidade. Mimi disse claramente:

- É como se Kátia fosse a candidata a prefeita, e não eu. 

Kátia se queixou também, de que não está sendo chamada para reuniões importantes da candidata. Kátia disse:

- Eu acho que Mimi não confia em mim. 

Moab fez Mimi e Kátia posarem juntas com ele em uma foto, para circular a cidade toda. É que alguns áudios envolvendo a briga entre as duas já vazaram e já chegou aos ouvidos da campanha de Myllena. 


Warlla toma banho no chafariz da praça

 

Era uma manhã de sábado, dia de sol quente em Lagoa da Italianinha. Warlla, a "mendiga chique", aproveitou que não havia nenhum policial e entrou no chafariz, com roupa e tudo - nem os sapatos tirou. Deixou apenas a bolsa e os óculos escuros de fora. 

Alguns passavam por ela e zombaram dela. Warlla disse:

- Tão olhando o que? Vão embora, cambada de fofoqueiros!

Warlla jogava água neles. Ela se divertia na fonte. Paula, a dona do restaurante, passou por ali, e vendo Warlla na fonte, disse:

- Oxe, entrasse aí com roupa e tudo? 

- O que é que tem? Eu não ia tirar a roupa em público, né? 

Paula disse:

- Se tu quisesse, poderia pedir pra tomar banho lá no banheiro do restaurante, eu deixava. 

- Deixe, já tô aqui mesmo!

Warlla passou muito tempo na fonte, mas os policiais Júnior e Ana Clécia chegaram. Júnior disse:

- Não pode se banhar aí. 

- Poxa, nós de rua, nem podemos tomar banho em paz. Parece que temos que ser sujos e fedidos. 

Ana Clécia disse:

- Sinceramente, eu nem acredito que a senhora vive na rua. Vestida assim feito madame?

- Pra eu ser mendiga, tenho que ser suja, fedida e descalça? Não, isso não é pra mim. 

Warlla saiu da fonte, e pegando sua bolsa e seus óculos, foi perambular pela cidade. Júnior disse:

- Ana Clécia, ela é de rua, sim, eu já vi ela dormindo numa calçada. 

- E é tão amostrada assim? 

- É o jeito dela. 

Os dois policiais foram embora. Warlla aproveitou e voltou pro chafariz, onde passou mais meia hora. 

sexta-feira, 27 de setembro de 2024

Flor e a mendiga venezuelana


 Numa certa tarde, Flor estava sozinha na lanchonete - suas funcionárias Deinha e Santa não estavam, pois Deinha estava de folga e Santa estava almoçando -, quando viu a mendiga venezuelana Fabiana por ali. Fabiana se aproximou dela com alguns trocados que havia recebido e disse:

- Qué se puede comprar con este dinero?

Flor disse:

- Só um café, apenas isso. 

- Solo eso? Tengo tanta hambre que ni mis hijos están aquí, están allá en la plaza.

Flor disse: 

- Faz o seguinte, se sente ali, eu vou servir algo pra você. É por minha conta, certo? 

- Gracias. 

Fabiana foi se sentar. Flor a observava, e chamava atenção o semblante sofrido de Fabiana. Cabelos bagunçados, uma blusa vermelha muito suja, saia azul bastante suja e de pés descalços. Fabiana estava também suja mais que o normal. 

Flor chegou com a comida, e Fabiana comia, com alegria. Flor disse:

- Notei pelo sotaque que não és brasileira, vem de onde? 

- Venezuela!

- Nossa, aqui nesse país cada dia mais cheio de venezuelanos. 

- Sí, he dormido en las calles de varias ciudades y me gustó aquí.

Flor disse:

- Não tem vontade de ter um abrigo? 

- No quiero. Ni yo ni mis hijos.

Fabiana se levantou, depois de comer, e Flor disse:

- Pode ir, viu? 

- Gracias!

Fabiana se retirou, e Flor a olhava atentamente. 

Renata critica Andreza por ela ter tomado banho

 

A mendiga Renata, em uma certa tarde, na rodoviária, encontrou a mendiga Andreza, e disse para ela, em tom de provocação:

- Tá gostando de ser limpa? Quem nem limpa tu tais, pra falar a verdade. 

- Oxe, tô amando todo dia tomar um banho. 

Renata disse:

- Isso é coisa de gente fraca. Eu só tomo banho de mês em mês, e pronto. 

- Oxe, por isso, tu tá fedendo mais que eu. 

- Andreza, tu pegou esse moralismo de limpeza, pega bem pra tu, não, visse? 

Andreza retrucou:

- Minha querida galega suja, vou agora pro chafariz, novamente. Com licença. 

- Oxe, tá toda exibida. 

Andreza não quis escutar Renata e se retirou, e ao chegar no chafariz, foi se divertir na fonte. 

Marlene segue presa e em maus lençóis


A situação de Marlene em Lagoa da Italianinha ficou muito mais difícil. Depois de ser interrogada pela juíza Suely, voltou para a cadeia, e as acusações são gravíssimas.

Marlene contava com a defesa de Danúzia, que também é advogada, e Marlene disse:

- Sabe que se eu abrir o bico, muita gente vai cair, né?

- Para com isso, Marlene. Eu estou fazendo tudo pra te libertar.

- É mesmo? Já faz três dias que estou na cadeia e você não me deu nenhum resultado!

- Não é tão simples, as acusações de pesam contra você são de corrupção pesada.

- Das quais tu também participou, Danúzia!

- Tu é cabeça dura, Marlene!

Marlene disse:

- Eu não vou ficar nesse inferno sozinha, se demorar mais, eu vou abrir o bico e muita gente vai cair aqui dentro, também. Inclusive tu e Dani Cruel, depois que ela sair do hospital!

- Já chega, Marlene, eu odeio ser pressionada!

- Então faça o serviço certo, mostre que realmente tá querendo me libertar dessa masmorra!!!!!

Enquanto isso, Flor, a irmã de Marlene, continuava tomando conta da lanchonete da rodoviária.

Cássia e Rita de Cássia se encontram na rodoviária

 

Numa certa tarde, a maluquinha Cássia foi à rodoviária de Lagoa da Italianinha e encontrou, sem imaginar que ela estava lá, a sua prima Rita de Cássia, a que age como criança mesmo tendo 42 anos e carrega uma boneca chamada Dalila. Rita estava dormindo nas ruas há alguns dias, desde que fugiu de casa. 

Cássia disse:

- Rita, você por aqui?????

- Sim, eu estou por aqui... eu e minha filhinha Dalila. 

- Sua prima Malu passou na lanchonete da minha irmã Quitéria te procurando. 

- Não quero voltar pra casa. Wéllia é má!

- Wéllia te bateu de novo, Rita????

- Sim. 

Cássia disse:

- Quer tomar um lanche comigo?

- Sim. Você é boa! 

Cássia e Rita se sentaram em uma mesa, e Cássia pediu os lanches. Cássia disse:

- Tais com um cheiro esquisito, prima. 

- Fiz cocô nas calças. 

Cássia riu e disse:

- Eita, é bom, eu fazia isso, mas se eu voltar a fazer isso, minha irmã Lúcia me mata. Agora, eu te invejo, visse? 

- Você é boa, Cássia. 

- Muito obrigada, você é maravilhosa, também. Eu até ficaria feliz se tu morasse na minha casa, mas isso depende do meu irmão André. 

- Eu ia adorar. 

Cássia disse:

- Mas enquanto isso, eu quero te levar pra casa, pode ser?

- Não, eu não quero!

Rita se levantou, e saiu correndo. Cássia disse:

- Rita, volte aqui!!!! Puxa... 

A tranquilidade de Suely


A juíza Suely parece estar muito tranquila em meio ao caos que a cerca. Ela está apoiando a candidatura de Ana Karina à Prefeitura de Lagoa da Italianinha, sendo contra sua própria irmã, a atual prefeita Myllena. Por outro lado, ela deu uma ordem de prisão contra Marlene, que ainda não saiu da cadeia.


Sua filha, Sara, é candidata a vereadora, mas anda sendo sabotada por alguns membros da campanha, isso porque muitos não gostam da juíza careca.

Por fim, Suely ainda está acompanhando de perto as investigações sobre o atentado que Dani Cruel sofreu.

Numa certa noite, Suely estava na banheira, e Sara, sua filha, disse:

- Mãe, o mundo desabando e a senhora aí tranquila e sossegada?

- Posso fazer o que, filha? Não posso mudar o mundo, mas posso fazer o meu melhor, e com a cabeça fria.

A maldade de Ana Rowena

 

A malvada Ana Rowena, que vive nas trevas no meio do fogo, faz maldades há milênios e milênios. Conta-se que em Fortaleza, no século XIX, conseguiu levar uma mulher de família rica ao suicídio. Tal mulher se sentia sozinha e desprezada. 

Conta-se que Ana Rowena teria aparecido para ela e convencido-a a se afogar no mar. Ela teria dito:

- Venha comigo, lá onde estou vai se encontrar com muito imperador, falsos religiosos, tudinho... lá tá lotado. 

Não se sabe se tal história é apenas lenda e fantasia ou se é real. Mas sabe-se que a maldade de Ana Rowena passa dos limites, e seria muito pior se os anjos do bem Edja, Alex, Carmem e outros, não a detessem. 

quinta-feira, 26 de setembro de 2024

Perdida nas ruas

 

Numa certa noite em Lagoa da Italianinha, a jovem Genezya, que mora no sítio Mandacaru, havia perdido as conduções para ir para o sítio, que ficava muito distante. Ainda por cima, não conseguiu lugar na hospedaria de Luciana, o que fez com que ela passasse a noite ao relento. Ela foi à barraca de Josinete, que fica perto da rodoviária, e disse:

- Que horas essa barraca fecha?

- Só quando amanhecer - disse Josinete. 

- Então, vou ficar por aqui.

Josinete logo saiu, e foi substituída por Mel, sua funcionária. Genezya disse:

- Tu fica aqui até que horas?

- 6 da manhã. 

De repente, Genezya começou a observar muitas pessoas por ali. Eram moradores de rua, que ficavam por ali, em sua maioria. Genezya disse:

- Isso tudo é gente morando na rua? 

- É, todos eles vivem por aí, dormem nas calçadas...

Patrícia, a mendiga corcunda, Letícia, Renata, Gílson, Andreza, Guilherme, Solange e Juliana foram ali na barraca, e Patrícia disse:

- Um café. 

Genezya observava cada um deles. Outras duas mendigas, Fábia e Alana, chegaram. Fábia disse:

- Me disseram que tu tinha tomado banho, Andreza, nem acreditei. 

- Pode acreditar, foi muito bom. 

Quando eles saíram da barraca, Genezya viu outros mendigos: Plácido, Lua, Warlla, Madame Anne, Silvana, Priscila, Moninha, Sandra, Dardina, Ítalo, Laísa, Eric e Iago. Warlla e Silvana foram na barraca pedir cigarro. Silvana disse:

- Bota um baguio aí. 

Genezya estranhou Warlla, porque ela estava vestida como madame. Warlla disse:

- Algum problema?

- A senhora dorme nas ruas?

- Sim, por que?

- Está vestida como madame...

- Eu sou mendiga, mas sou chique! 

Warlla e Silvana foram para perto dos outros mendigos. Por ali, passavam ainda as irmãs Gabriella e Hyasmin, além de Maria, a careca Suzy e Ruivinha. Mesmo mendigas, pregavam o evangelho. Isso chamou a atenção de Genezya. 

Genezya ainda viu duas mendigas drogadas, a Esvalda e a Gigi, que estavam alteradas. Elas chegaram a pedir trocado para Genezya. Por fim, ela ainda viu outros mendigos, como Ruth, Iraneide, Uleuda, Eduarda, Capitu, Jéssica, Lorena, José Felipe, Kell, Beckinha e Deza, que chamou muita atenção dela por que ela estava extremamente suja. Por fim, ainda viu a família venezuelana por ali, Fabiana e seus filhos Felipe, Isaías e Samuel.

A polícia passava por ali, só apenas uma vez parou. Eram três da manhã quando eles começaram a se deitar nas calçadas para dormir. E Genezya dizia:

- Como tem gente sem teto aqui...

Genezya ficou por ali na barraca conversando com Mel até amanhecer o dia, quando finalmente pegou o carro para voltar pro sítio. 

A filha de Francesco

 

No ano de 1946, chegou em Vila Dourada, no interior de Pernambuco, o Francesco, que viera da Itália procurar por seu amigo Fausto, que foi soldado na época da guerra e estava no Brasil, tendo se casado com Maria Clara. Francesco se tornou professor de piano de Lune, sendo que eles se apaixonaram, causando um escândalo na conservadora Vila Dourada por conta da diferença de idade entre ambos. 

Mas Francesco não veio sozinho: ele trouxe consigo sua filha Frannie, filha dele com sua primeira esposa, que morreu na Itália. Frannie, assim como o pai, também desafiou a conservadora cidade, mas por outra razão: ela usava calças, uma moda muito avançada para a época, em que as mulheres ainda usavam vestidos longos. 

Frannie logo se tornou o motivo da maledicência local, especialmente das beatas Mônica e Lady Andréia. Até mesmo o padre Francisco, tido como progressista, não simpatizou com o modo de ser da italiana. 

Frannie ainda costumava tomar banho com roupa, sendo que alguns alegam que ela havia trazido esse costume para a cidade, sendo que alguns hoje praticam esse hábito - Josiane, Danúzia, Valdenes, Josy, por exemplo - em Vila Dourada e em Lagoa da Italianinha, que nessa época, ainda pertencia a Vila Dourada. Mas Jennifer, a filha do coronel Jefferson, também se banhava vestida. 

A reação de Frannie ao amor de seu pai pela bailarina francesa Lune, que ali residia e tinha quase sua mesma idade, de início, foi de estranheza, mas Frannie depois aprovou o relacionamento, de modo que Frannie se tornou amiga de Lune. Frannie havia nascido em 1907, sendo mais velha que Lune apenas cinco anos. 

Apesar de seu jeito estranho, Frannie atraía os homens pela beleza que ela possuía. 

Milena volta a Vila Rica depois de um tempo em Viena

 

Após uma temporada em Viena, a jovem Milena chegou em Vila Rica, chamando muita atenção entre as pessoas presentes. Ela havia passado alguns meses na Áustria e teve a oportunidade de assistir a uma apresentação de Mozart. Milena sempre foi muito apaixonada pela Áustria e era um sonho de sua infância conhecer o país. 

Voltando a Vila Rica em 1787, Milena foi para a casa de sua família, mas ela não agradou aos seus parentes com ideias consideradas iluministas. Milena defendia o fim do absolutismo e parabenizava os moradores dos Estados Unidos pela independência ocorrida em 1776. 

Milena ainda ficou encantada com dois moradores estrangeiros em Vila Rica: o americano Wrialle e a francesa Jacilene. Quando Wrialle lhe contava sobre os feitos na Revolução Americana, Milena ouvia com atenção. 

Jacilene, por sua vez, perguntou à Milena:

- Passasse pelo meu país, a França? Como está lá?

- O rei lá está muito impopular. Acredito que ele não dura mais tempo no cargo. 

- Será mesmo????

- A onda lá tá muito grande na Europa. Eu espero que isso chegue logo aqui no Brasil também para nos libertar do domínio de Portugal! 

Padre Bóris aconselha Aquiles

 

Após uma missa realizada na Igreja Ortodoxa, o grego Aquiles foi procurar o Padre Bóris, e disse à ele:

- Quero falar com o senhor. 

- Notei que sua esposa e filhos não vieram à missa, por que?

Aquiles disse:

- Minha mulher e eu estamos brigados. 

- Mas por que????

- Quase tudo é motivo de brigarmos. Eu e Zoé não estamos nos entendendo mais. Só não nos separamos por conta de Irene e Adonis, nossos filhos amados. 

- Olha, você precisa ser mais companheiro, sentar e conversar - disse o padre. - eu minha esposa Olga, quando estamos meio assim, a gente senta e conversa. Muitas vezes, uma conversa de apenas cinco minutos resolve uma situação. 

- O senhor acha que devo tentar, padre?

- Claro que sim. Olha, eu farei questão de fazer uma visita a vocês. 

- Será bem vindo, padre. Ele te respeita muito, também. 

- Enquanto eu não vou lá, faz o seguinte: conversa com ela, primem pelo diálogo. 

- Vou fazer isso, padre. Eu prometo. 

- Muito bem! 

A mendiga e os animais de rua

 

A mendiga Kell, que perambula pelas ruas de Lagoa da Italianinha, não consegue resistir a animais abandonados nas ruas. 

Kell, certa noite, estava no Pátio Verona, e não pensou duas vezes em pegar em sua mão um cachorrinho, também sujo. Ela disse:

- Eu e você somos de rua, somos abandonados. Mas estou aqui pra te dar amor e carinho! 

Em um pequeno chafariz no Pátio, Kell chegou a dar um banho nele. Quitéria, a dona da lanchonete no local, foi levar uma marmita para Kell, e disse:

- Você não tem medo de que esse cachorrinho possa estar doente?

Kell disse:

- Medo, sempre tenho... mas apenas quero oferecer a ele o amor que lhe negam, assim como negaram o amor a mim, também. Somos de rua, não temos teto, nem quem cuide da gente. Por que eu não posso dar carinho a ele?

Quitéria deu a marmita. Kell também dividiu a comida com o cachorro. 

Mimi resolve entrar na brincadeira e também faz desafio

 

Ao saber que sua principal adversária, a prefeita Myllena, que anda sempre descalça, disse que "passaria um período usando calçados se perdesse a eleição", Mimi, além de acusar a prefeita de arrogante, ainda lançou seu desafio, dizendo em alto e bom som em grupo de Whatsapp para seus militantes:

- Podem espalhar, a adversária disse que vai usar calçados pela primeira vez na vida se perder. Pois diga que se eu for a derrotada, eu deixarei crescer meus cabelos pela primeira vez em dez anos que sou careca! Claro, isso por um tempo, depois raspo de novo. Podem anotar o que estou dizendo!

Myllena, ao saber que sua adversária fez tal desafio, deu risadas e disse para Karoline:

- Pronto, uma de nós duas está correndo risco de abrir mão de seu hábito por alguns dias. Pois que seja ela, quero ver Mimi com cabelos longos ainda. 

Eraldo, um outro candidato a prefeito, disse em uma entrevista:

- O povo de Lagoa da Italianinha vai votar pra ver Myllena com sapatos ou Mimi cabeluda? Francamente, e os problemas da cidade como ficam? 

Os apelos das duas candidatas acirrou ainda mais a disputa eleitoral em Lagoa da Italianinha. 

O Aniversário de Valéria

 

Completando mais um ano de vida, a aeromoça Valéria estava liberada do trabalho, e foi se encontrar com seus parentes em Lagoa da Italianinha: seu filho Samuel, além das irmãs da aeromoça: Bruna e Vanessa, a vereadora. 

Foram para o litoral de Alagoas, mais propriamente, Maragogi. Acompanhando a loucura do filho, Valéria entrou no mar com camisa, calça comprida e sapatos. Ela se divertia ao lado do filho. 

Samuel disse:

- Parabéns, mãe. 

- Muito obrigada, filho!

Os dois, vestidos no mar, chamavam atenção das pessoas que por ali passavam. Samuel disse:

- Quando for lá em Berlim, manda um abraço pra tia Milady. 

- Claro que mando!!!!

Depois da praia, Valéria e Samuel voltaram para Lagoa da Italianinha, já em Pernambuco. Fizeram uma pequena festinha na casa delas, com a presença de outra irmã, a doente mental Rafinha, que embora suja, pôde participar da festa. Valéria abraçou muito sua irmã. Rafinha disse:

- Obrigada por me abraçar, mesmo eu estando fedida. 

- Você é minha irmã. Espero que ainda tu se cure dessa tua doença. 

A outra irmã, Gigi, que vive nas ruas, não participou por não gostar da família. 

Rita de Cássia no chafariz

 

Há algumas noites dormindo nas ruas de Lagoa da Italianinha, Rita de Cássia, que fugiu de casa, amanheceu o dia tomando banho no chafariz da Praça 27 de Dezembro, em Lagoa da Italianinha. Ela lavava sua boneca, Dalila, dizendo:

- Tome um banho, filha, tome um banho...

Algumas pessoas passavam por ela, e riam dela. Outros a reconheciam e diziam:

- Não é aquela moça que passou dos 40 anos mas tem mente de criança de 5 anos?

- É, sim, o que ela tá fazendo ali?

Rita de Cássia parecia nem ligar para o que falavam, e seguia se divertindo na fonte. Até que em dado momento, ela viu de longe sua prima Malu e sua sobrinha Alice, que procuravam por ela. Inicialmente, Rita de Cássia tentou mergulhar na água com sua boneca pra se esconder delas, mas ela não aguentou ficar submersa, então, ela saiu com sua boneca e foi correndo para uma outra rua, para ela não ser vista. Rita de Cássia dizia:

- Wéllia é má! Wéllia é má! Não vou pra casa! 

Bianca jogada na lama


Numa certa tarde, a jovem Bianca, muito orgulhosa, foi parar em um chiqueiro de porcos, dentro da lama. Mas como isso foi acontecer? 

Bianca estava entre os imigrantes italianos que chegaram em Pernambuco em 1935, se estabelecendo no sítio Maniçoba, atual Lagoa da Italianinha. Seu pai, Hélio, era democrata-cristão e acabou saindo da Itália por conta do fascismo. Sua mãe era Suzana - italiana, mas filha de espanhóis -, e seu irmão mais novo era Kayque. 

Acontece que ao contrário da família de Jadiael e dos demais membros de sua própria família, Bianca era arrogante e prepotente, e jamais se adaptou ao seu novo cenário. Numa certa tarde de 1937, ainda foi tentar humilhar a camponesa descalça Maria Clara, que estava do lado de frente de sua casa. Kayque, o irmão de Bianca, ficou amigo da camponesa, e Bianca disse:

- Olha pra isso, meu irmão conversando com essa mulher pé sujo!

- Deixe ela em paz, Bianca. 

- Esse é o tipinho que tu gosta. 

Maria Clara disse:

- Eu só não lhe dou uns tabefes por respeito ao seu irmão. 

- Tu nunca vai fazer nada comigo, eu sou melhor que tu. Mas nossos pais vão saber disso. 

- Eles já sabem, e ela foi muito bem vinda lá em casa, tu nem estava em casa. 

- Que lixo, viu? 

Maria Clara disse:

- Eu tô perdendo a paciência.

- Calma, Maria Clara, não ligue pra ela. 

Bianca disse:

- Claro, tu não pode comigo, sua vadia. 

Maria Clara ficou nervosa, de modo que soltava fumaça pelo nariz e pelas orelhas. Ela pegou Bianca, que gritava:

- Me solta!!!!!! Não quero ficar com teu mau cheiro!

Maria Clara empurrava Bianca, até que entraram em um chiqueiro de porcos que havia ali perto, e ela atirou Bianca em cima dos porcos, fazendo a italiana se sujar de lama por completo. Maria Clara disse:

- Tu é melhor que eu, nem devia se sujar de lama, né?

Bianca estava nervosa, e disse:

- Você me paga. E você, Kayque, não faz nada?

- Desculpe, Bianca, mas você procurou. 

Bianca tentava sair da lama, mas se sujava ainda mais. Por fim, quando conseguiu, saiu dali, dizendo:

- Isso não vai ficar assim.

- Claro, tem que tomar banho, senão vai ficar suja de lama - disse Kayque. 

Maria Clara disse:

- Desculpe, mas sua irmã provocou...

- Não se preocupe. Vou limpar tua barra lá em casa. 

Ao chegar em casa, Bianca se queixou aos seus pais. Mas quando Kayque contou a história, Hélio e Suzana nada falaram contra a camponesa e deram uma bronca em Bianca. 

Warlla na rodoviária


 De manhã cedo em Lagoa da Italianinha, Warlla, a "mendiga chique", estava na rodoviária, querendo tomar algum lanche. Ela pedia esmolas para umas pessoas, mas elas não acreditavam que ela fosse moradora de rua, pelo fato dela estar vestida como madame - jaqueta, blusa, calça, sapatos salto alto, óculos escuros e uma bolsa vermelha com ela. 

Mas o ex-vereador Zé Bento, que ali estava, deu um trocado para ela. Alguns ficaram surpresos com ele, mas ele disse:

- Essa mulher realmente é das ruas, ela foi rica, mas perdeu tudo. Mas ela se veste assim é o jeito dela. 

Warlla foi na lanchonete, e quem estava atendendo era Flor, a irmã de Marlene, que estava no lugar dela, pois Marlene estava presa. Deinha e Santa, as funcionárias, estavam ali. 

Flor disse:

- O que deseja? 

- Pão e café. 

Flor viu que a calça de Warlla estava molhada, e ela disse:

- Não conseguiu aguentar, foi? 

- É... eu bebi muito essa noite, sabe? Tô com uma dor de cabeça ainda, de ressaca. 

- Não vá inventar de sentar nas cadeiras, não, vai sentar por ali. 

Flor serviu o lanche, e Warlla foi se sentar onde Flor pediu. Deinha disse:

- Que deu nessa maluca?

- Ela mijou nas calças de tanto beber. 

Warlla estava do lado de Fabiana, a mendiga venezuelana, que olhava pra ela. Warlla disse:

- O que tu tem? 

Fabiana disse:

- Cómprame un bocadillo, me muero de hambre.

- Não entendi nada, mulher. Tu nem é daqui, né? 

- Soy de Venezuela!

- Oxe, volta pra lá, aqui não é teu lugar. 

Fabiana pedia comida, e Warlla disse:

- Olha, mulher, tu tá fedendo, tá me incomodando, olha aí, tu suja e descalça, não vá tocar no meu lanche. 

Fabiana pegou um lanche de Warlla, e ela disse:

- Mas o que significa isso? Meu pão! 

Zé Bento se aproximou das duas e disse:

- O que está acontecendo?

- Essa venezuelana fedorenta pé sujo me tomou o lanche. 

Zé Bento disse:

- Ela é mendiga feito você. Mas vamos fazer o seguinte, eu pago os lanches das duas. Vão lá na lanchonete e peçam o que quiser. 

Zé Bento foi até Flor e disse:

- Flor, pode servir essas duas, que eu pago. 

Warlla e Fabiana pegaram lanches reforçados. 

Helânia visita sua filha Josiane

 

Numa certa manhã, Helânia resolveu se deslocar de Maceió para Lagoa da Italianinha, visitar sua filha mais velha Josiane. A dama saiu de Alagoas para Pernambuco, e ao chegar na mansão, se encontrou com seu ex-marido, o deputado estadual Moab, e seus outros filhos Danúzia, a cadeirante Cíntia, Natália e Jefté. 

Mas foi com Josiane - que sofre de ansiedade e depressão - a quem ela dedicou uma maior atenção. Helânia disse ao Moab:

- Posso sair com Josiane? 

- Pode, sim. Vai fazer bem à ela. 

Helânia e Josiane foram conversando pelas ruas, e depois, se encontraram com Josinete, a dona da barraca, que é ex-empregada de Helânia, e que já cuidou de Josiane. Elas ainda foram no Colégio de Freiras Irmã Renata Augusta, onde ficavam lá as freiras Irmã Alcineia, Irmã Cida e Irmã Elvira. 

Helânia, Josiane e Josinete tiveram uma conversa com a Irmã Alcineia, que é amiga de longas datas de Helânia. Em dado momento, Irmã Alcineia disse:

- Josiane, tu ainda ama o Valdenes? 

- Sim. 

- Me contaram que lá na escola de música, tu pegou uma briga com a namorada dele, a tal de Aline Débora. 

Josiane disse:

- Foi sim, aquela caipira dos pés sujos. 

Helânia disse:

- Mas como pode, Josiane? 

- Mãe, eu amo o Valdenes, e eu sei que ele me ama, mas ele ficou enfeitiçado por ela. Se não fosse as proibições do meu pai, a gente podia estar junto. 

Irmã Alcineia disse:

- Mas o que esse Valdenes tem de tão especial?

- Me apaixonei por ele quando ele morava nas ruas ainda. Ele é muito prestativo, e ele até toma banho de roupa e tudo, feito eu. Ele só anda descalço, a única coisa que não se bate comigo, mas ao menos, nos banhos, ele tá de sapatos. Mas ele é muito gente boa. 

- Eu o conheço. - disse Irmã Alcineia. 

Helânia disse:

- Filha, se ele tá com outra, não adianta insistir. 

- Nada disso, mãe. Eu quero ficar com ele. 

Josinete disse:

- Josiane, vocês iam ficar juntos, mas tu teve medo de teu pai. 

- E não sabe como me arrependo, dona Josinete. 

Helânia tentava convencer Josiane a desistir de Valdenes. 

Andreza ganha um par de sapatos

Depois que voltou a tomar banho, a mendiga Andreza também ganhou um par de sapatos, que ela passaria a usar aleatoriamente. 

Leila, a jovem que vende sorvetes, conhecida como "barbie descalça", passava pela rodoviária, e ao ver a mendiga, disse:

- Andreza, eu queria te ver. 

- Opa, pode falar. 

Leila disse:

- Eu ganhei um par de sapatos, mas eu não quero usar. Só vivo descalça, e prefiro continuar assim. Você quer os sapatos?

- Quero, sim. Gosto de andar descalça, também, mas às vezes é bom usar uns sapatos. 

- Pronto, pode ficar com eles. 



Leila pegou a bolsa e deu os sapatos pra ela. Andreza colocou nos pés e deu certo. Andreza disse:

- Será que posso tomar banho com eles, também?

- Você faz o que você quiser. Contanto que fique com eles. 

- Tu não tem um sapato, Leila? Tu preferiu dar a mim? 

- Não tenho, e prefiro continuar assim, de pés no chão, mesmo, me sinto muito bem assim. Pode ficar com eles e faça bom proveito. 

Leila abraçou Andreza e foi para a sorveteria, para ir vender picolés. Andreza mostrou ao seu amigo Guilherme, dizendo:

- Aquela galega de rosa, que vende sorvetes, e só vive de pé descalço, me deu esses sapatos. Deram a ela, mas ela não quis. 

- Eita, ficou bom em você. - disse Guilherme. 

quarta-feira, 25 de setembro de 2024

Érica, Cláudia e Lagoa da Italianinha

 

Apesar de morarem em Roma, as jovens modelos "wetlookers" - Erica e Claudia - têm, sim, alguma ligação com Lagoa da Italianinha, embora que bem distante. As duas, que ganham a vida posando para fotos nadando vestidas, são descendentes de italianos que foram para o Brasil na época do fascismo. 

Erica é neta de Alycia, que tem hoje 93 anos e mora em Verona, e era menina quando foi para o Brasil junto com seus pais, se estabelecendo em Pernambuco, na atual Lagoa da Italianinha. Alycia, quando cresceu, se casou e teve filhos, mas alguns deles foram morar na Itália, o que possibilitou que Erica já nascesse na Itália. Alycia só voltou para a Itália em 2001, já com 71 anos.


Cláudia, por sua vez, é neta de Bianca, que também chegou a ir para o Brasil com seus pais na época do fascismo. Bianca, porém, já voltou para a Itália em 1949, sendo que ela não se adaptou a Pernambuco. Uma outra neta de Bianca, Nonna, vive em Tirano, na fronteira com a Suíça, entretanto, ela e Cláudia não se dão bem, uma vez que Nonna é tida como arrogante e prepotente. 

Bianca, por sinal, nutria inveja de Alycia, chegando a fazer maldades com ela. Claudia, porém, não herdou a maldade da avó e da prima, e é muito amiga de Erica e já chegou a visitar Alycia em Verona. 

Myllena confirma sua aposta

 

A prefeita Myllena disse para sua irmã Karoline que caso venha a perder a eleição para prefeita, ela usará calçados no dia seguinte. Myllena, que sempre anda descalça, desde que nasceu, resolveu colocar seu hábito em risco como uma espécie de "aposta". 

Mas antes de falar para Karoline, ela já tinha dito isso para outra pessoa, e isso causou muitos comentários na cidade. Alguns alegam que vai votar em Mimi "só pra ver Myllena usando sapatos". 

Myllena foi perguntada sobre isso, durante uma visita a uma comunidade, e ela disse:

- Sim, eu disse, e repito: nunca usei um chinelo na vida, mas se acontecer de eu perder essa eleição, eu usarei um par de calçados. Não será para sempre, isso por apenas um tempo. 

A deputada federal Sandra Valéria, inimiga ferrenha de Myllena, disse para sua candidata Mimi:

- Vou agora despejar mais dinheiro na tua campanha, Mimi. Ganhe essa eleição que será histórico ver essa louca com sapatos nos pés. 

- Myllena agora endoidou, ela jura que vai ganhar. Nós estamos crescendo. - disse Mimi. 

Giovanna Victórya, filha de Myllena e candidata a vice de sua mãe, perguntou:

- Mãe, a senhora não acha que tá exagerando? Eu nunca imaginei a senhora de calçados, isso pra senhora é como um filme de terror. 

- Filha, estou fazendo isso por que tenho certeza da nossa vitória. E se isso acontecer, eu usarei calçados apenas por um tempo, mas não será sempre, eu nunca deixarei de ser descalça. 

- Mãe...

- Filha, confia na tua mãe. Ah, compra um par de sapatos com o tamanho do meu pé, caso as urnas nos surpreendam, cumprirei a promessa, sou mulher de palavra. Mas se eu ganhar, aí vamos dar esse par de sapatos para alguma moradora de rua. 

- Tá bom, mãe...

Giovanna foi comprar os sapatos que sua mãe pediu. Como Myllena nunca usou um calçado, ela teve dificuldades em saber o número dos seus pés. Myllena, inclusive, se recusou a experimentar os sapatos, dizendo:

- Pode guardar eles, eu tenho certeza que não os usarei. Será para alguma pessoa de rua.  

Os candidatos adversários, Mimi, Eraldo, Ana Karina e Joni von, ironizaram a aposta da prefeita descalça, e alegaram que fariam de tudo para vencer as eleições pra ver Myllena usando sapatos. 

A atrocidade que marcou Alessandra

 

Passando seis anos dentro de um campo de concentração, a jovem alemã Alessandra, além de ter chegado perto da morte diversas vezes, ainda testemunhou atrocidades. Não foram poucas as vezes que viu crianças e idosos sendo assassinados pelos brutais oficiais. 

Mas o que talvez tenha deixado Alessandra mais chocada foi a forma que trataram uma idosa que era judia. O ano era 1940. Vizinha sua de quarto, deixaram a idosa sofrer com fome e bastante doente e magra, a ponto até de um dos oficiais, ao ver a idosa, dizer:

- Levem ela para fora e metam bala nela!

Alessandra interferiu, dizendo:

- E é assim, é? Deixam ela doente, sem remédios, sem comida, e agora vão matar ela tipo um lixo descartável?

- Judeu é um lixo descartável, e ela é judia! - disse um dos oficiais. 

- Vocês são uns monstros!

- Cale a boca, comunista, que tu também já tá na mira pra morrer! 

- Então me matem logo! Acabem logo com meu sofrimento! 

- Não. É bom que tu sofra muito mais antes de tu morrer!

Eles pegaram a idosa, que já tinha 80 anos e não tinha força nem pra falar. Alessandra tentou evitar, mas levou um empurrão. Eles a metralharam do lado de fora, e depois a enterraram. E Alessandra chorava copiosamente. 

Josiane e Aline Débora brigam na escola de música


Josiane, filha do deputado estadual Moab, se aproveitou da distração de seu pai, que está envolvido na campanha de Mimi para prefeita, e foi para a escola de música, tentar falar com Valdenes, depois de muito tempo. Josiane teve um envolvimento amoroso com Valdenes quando ele ainda morava nas ruas, mas o romance foi proibido por Moab, que não aceitou que sua filha se envolvesse com um mendigo. 

Ao chegar lá, Josiane disse para Clíntia, a secretária:

- Quero falar com Valdenes. 

- Ele não está, ele saiu com Eraldo. 

Mas nessa hora, Aline Débora chegou e disse:

- O que tu quer com Valdenes? 

- Isso não te interessa. 

- Interessa, sim, ele é meu namorado!

Josiane disse:

- Mas será possível? O que ele viu em tu, caipira dos pés sujos? 

- Olha, eu tô doida pra meter a mão na sua cara, eu tenho sangue nordestino e italiano, e pra acabar com você, acabo em três tempos!

Clíntia, vendo que o clima estava esquentando, disse:

- Por favor, senhoras, vamos acalmar. 

Josiane disse:

- Essa daí não tem com ele a história que eu tenho, e ele nunca se esquecerá de mim!

Aline Débora deu um tapa em Josiane, sendo que Josiane revidou, dando um tapa nela, e as duas começaram a brigar. Clíntia tentou intervir, mas acabou levando tapa e caindo no chão. Nessa hora, chegaram Eraldo e Valdenes, que separaram as duas. Eraldo segurou Josiane, e Valdenes segurou Aline, que disse:

- Me deixe eu meter a cara dessa princesa alagoana no chão!

- Venha, venha, me solte, quero acabar com essa caipira pés sujos! - disse Josiane. 

Valdenes disse:

- Chega dessa briga! Tá parecendo a campanha eleitoral de São Paulo, oxe. Parem com isso. 

Josiane disse:

- Eu vou embora. Mas eu não vou deixar de lutar pelo meu amor. 

Josiane saiu dali, e Valdenes abraçou Aline Débora e a levou para a sala, acalmando-a. Clíntia estava com a mão na bochecha, e disse:

- Levei um tapa dessa doida, também. A que saiu. 

- Josiane é boa pessoa, mas é depressiva, e meio fraca, ela preferiu ceder aos medos do pai do que ao amor que dizia sentir por Valdenes, ele cansou de esperar e quer fazer sua história com Aline Débora, e ele tá certo! 

O desafio de Myllena

 

A prefeita Myllena, que é candidata à reeleição em Lagoa da Italianinha, está muito confiante em sua vitória. Ela estava no comitê, todo pintado de amarelo, e estava pagando aos seus militantes. Lá, estavam sua irmã Karoline, além de Giovanna Victóyra, filha da prefeita descalça e candidata a vice na chapa dela. Estavam lá também Ilene, a outra irmã da prefeita, além de alguns candidatos a vereador na sua base. 

Karoline disse para Myllena em reunião particular:

- Eu estou vendo a vermelha crescendo, a careca tá com a gota serena, ela tá com esses apoios fortes. Na última pesquisa, vocês estão empatadas. 

- Vamos trabalhar forte, ainda confio na minha vitória! 

- Eu também confio, mas vamos trabalhar dobrado. 

- Sim, vamos trabalhar dobrado, eu concordo. E vamos ganhar essa eleição. Digo a você, Karoline, se eu não ganhar, no dia seguinte, eu estarei usando calçado pela primeira vez na minha vida. 

- Sério?????

- Sim. Eu sei que vou ganhar, Karoline. 

Karoline, mais tarde, disse para sua sobrinha Giovanna:

- Tu não sabe o que tua mãe disse. 

- O que???

- Ela disse que se perder a eleição, no dia seguinte, vai usar um par de calçados pela primeira vez na vida dela. 

Giovanna disse:

- Misericórdia, ela odeia pensar em usar calçados. 

- Pois é, acho que ela tá falando isso por que ela confia na vitória dela. 

Josenilda passa a mandar na rodoviária de Lagoa da Italianinha

  Em Lagoa da Italianinha, a prefeita reeleita Myllena provocou polêmica ao nomear Josenilda para ser diretora na rodoviária. A polêmica res...