segunda-feira, 5 de agosto de 2024

Lembranças de Francielly

 

O ano era 1940. Em sua casa, Leandro não parava de ver a foto de sua amada Francielly, que havia morrido cinco anos antes em uma queda de cavalo. Leandro morava sozinho com seu filho pequeno Augusto, que tinha oito anos nessa época, no sítio Maniçoba, que era município de Vila Dourada. 

Augusto viu o pai olhando a foto e disse:

- Essa é minha mãe?

- Sim, uma linda mulher, maravilhosa, que era de família rica, mas essa mesma família a rejeitou, ela foi sepultada como uma qualquer...e você só tinha três anos quando ela morreu...

- Eu sou neto do seu Jorge Villegagnon? 

- Sim, mas esse senhor deverá ser renegado por todo mal que ele causou para sua mãe. 

Leandro levou Augusto para o lado de fora da casa, e lhe disse:

- Os Villegagnon domina com mão de ferro Vila Dourada. E você irá quebrar a perna deles. 

- Como assim, pai?  

- Você tem tino político, você gosta de política. 

- Sim, muito, pai. 

- Então, tá vendo esse sítio? Tá crescendo bem rápido, depois que chegaram aqui os italianos. Esse lugar bonito em pleno interior do agreste de Pernambuco tá cada vez maior. E quero que tu me prometa, filho: um dia você separará esse lugar de Vila Dourada. 

- Isso é tão importante pra você, pai?

- Sim, filho. Foi aqui que eu e sua mãe fomos acolhidos depois que fomos enxotados de Vila Dourada! 

- Bom, pai, se é assim, eu prometo! 

23 anos depois, em 1963, Augusto, já adulto, liderou o movimento de emancipação do sítio Maniçoba, que se tornou nesse ano Lagoa da Italianinha, sendo ainda Augusto prefeito da cidade por duas vezes. E hoje, a foto de Francielly é guarada na fazenda de Jeremias, filho de Augusto e neto de Francielly. Inclusive, Jeremias tem uma filha a quem lhe deu o nome de sua avó, Francielly. 

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